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Mostrando postagens de agosto, 2007

Misterios do Vale do Dulle.

No belo vale do Dulle com seus rios de águas cristalinas que percorrem toda a vasta extensão das colinas Balanares para então repousarem no tranqüilo e límpido lago Nekrat, é que por fim decidi efetuar minha formação em esquizofrenia patológica generalizada. Este ramo tão singular sempre me chamou a atenção desde os primórdios de minha vida acadêmica. No centro deste pacifico vale reside uma minúscula cidade, por certo poderia ser chamada de vilarejo não fosse pelo ótimo local estratégico para a construção do maior hospital psiquiátrico do país. O médico residente incumbido de orientar-me era nada menos que o renomado doutor Viktor Pedrios, ironicamente ou simplesmente um toque do destino, Viktor e eu havíamos cursado juntos uma especialização há alguns anos atrás. Viktor era um homem de grande introspecção e dono de um caráter inusitado, além disso, era inclinado a certas excentricidades relacionadas a estudos bem característicos e não fora por coincidência que nos tornamos grandes am

Jardim escondido.

Desperto sobre o mesmérico jardim novamente, ao meu redor encontram-se exemplares de Ageratum, Alstroeméria, Anêmolas, Begônias, Bromélia e delicadas Callas. Todas estas enigmáticas flores possuem um padrão de consistência duvidosa e suas formas irradiam luzes amplamente angelicais, quase únicas. Por toda a margem do ilustre jardim nuvioso, contemplo repetidamente os imponentes carvalhos negros com seus ramos em formas de garras as quais apontam para a ínfima mansão decrépita que a muito invade meu sub-consciente transcendental e a qual jamais vislumbrei no período de vigília. Os pouquíssimos raios solares que perfuram intrepidamente as nubilosas nuvens negras que atravancam o céu tortuoso desta minha melancólica memória inócua logo minguam e morrem aos pés desta terrível estância. Aqui por certo, o reles manquinho em meio a suas mandracarias pestanejava e distorcia a conjunção de fenômenos por mim percebidos. Num impulso psíquico ergo-me do vasto gramado verdejante e coloco-me naquilo

Lobos Contemporâneos

Recai à noite bem graceja, estendendo suas garras preenchidas de mistérios sombrios sob os muros e construtos da densa floresta urbana. Perigosos predadores sedentos de sangue despertam de suas nefastas covas ou de seus lúgubres covis obscuros para então farejarem o ar na ânsia de sua presa. Quando em quando emitimos, tu e eu, nossos uivos solitários e esperançosos em meio a esta sutil desesperança. Outros lobos podem ouvir-nos? Uivam também em estepes solitárias e insulares? Nesse jogo de urros dialéticos padece o cão, a raposa e a ovelha. Uivamos por não sermos leões ou por não sermos leões uivamos? Pobres muros de concreto e granito, não lembram vós da antiga boêmia? Quando corriam soltos os seresteiros e suas amadas por teus ilustres labirintos; quando o sangue era vinho tinto ou quando os gritos e gemidos eram canções? Que virá então, no amanha vindouro? Existe um dragão nos tempos modernos que se põe a explicar esta questão e seus dogmas são inquestionáveis. Mas o que posso fazer

Charles e seu convidado.

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Creio que, devido a esta narrativa que empregarei, muitos irão considerar-me louco e não me darão crédito, uma vez que eu mesmo tendo percebido o fato através de meus sentidos não pude concebê-lo como realidade. É fato, contudo que não sonhava, estava desperto, e aqueles que permeiam meu meio social ou aqueles mais achegados há minha pessoa concordam que não sou maluco, não a este nível de delírio psicótico. A sanidade é uma matéria por demais inclassificável, uma vez que leva-se em conta os valores culturais e históricos que constituíram a subjetividade do sujeito, contudo os paradigmas de tais meios sociais costumam desequilibrar até mesmo os maiores céticos ou estudiosos intelectuais psiquicamente. O que irei relatar ocorreu em uma típica quarta-feira, eu, Charles Edgar M. calculava como de costume as contas do mês. Desta maneira distribuía os valores pela ponta célere do lápis exatamente as 19:00 horas, um de meus últimos charutos crepitava sob o cinzeiro de lápis-lázulis chileno.