encruzilhado




Essa é a historia de um homem que não escolheu o seu caminho, pelo contrario, alojou-se na encruzilhada.



Vivi por muitos anos buscando o sentido da vida, busca esta realizada por diversos personagens muitíssimos mais ilustres que eu e detentores de intelectos altamente complexos. Ouso dizer que dentre todos os seus manuais, tomos, escritos, livros, versos, líricas, leis, filosofias e tudo que o valha não pude encontrar nada de novo, nada de surpreendente, nada que gera-se mudanças. Toda antítese é em sua essência uma própria síntese dotada de valores morais e dogmáticos semelhantes. Sempre vislumbrei-me como um eterno cético e trilhei a meu modo o mesmo caminho sublinhado por Descartes que por fim levou a dubitável verdade que o ceticismo é em suma a maior de todas as crenças. Que sei eu então? Tudo que acabei de transfigurar em pueril sofrimento egoísta poderia muito bem possuir uma natureza verdadeira assim como sua recíproca o é ou não o é. Este exemplo possui sua expressão máxima nos antigos sofistas que vendiam a suposta verdade para aqueles que melhor a remunerassem, pratica esta muito difundida nos dias atuais. Levando-se em conta que os dias e tudo o mais que nos cerceia exista ou não. Incrível, apesar de dizer-me incrédulo sempre tive por mania ou herança genética a insensatez de confiar em meus sentidos, contudo apreendi com o tempo que mesmo estes cinco cálices sagrados podem ser ludibriados ou transfigurados por fatores externos e internos. Ao passar os olhos sob as primeiras linhas deste arquivo digital recordo de uma frase que ouvi em uma palestra agora esquecida, “caminhante, o caminho não existe, o caminho se faz caminhando”. Possivelmente, é uma hipótese dotada e insuflada de características, regras e tradições como todas as demais. E se por algum motivo quisermos destrinchar todo este enigma que engloba as significações desta humilde frase acabaremos, por conseguinte debater a origem da vida e como se deu o inicio da sociedade humana. Prefiro dar ouvido a Popper pelo menos neste assunto, o presunçoso homem dizia que as perguntas iniciadas com porquês geralmente acarretam em respostas idiotas. Pelo menos foi dessa maneira que compreendi aquelas palavras, em um desses imensos livros, ao qual ao menos em partes tenho o direito de duvidar como todo o resto da literatura. Retomando, se o caminho se faz caminhando conforme o dogma citado acima, onde então estará parado o homem que iniciou este texto, afinal em qual encruzilhada estaria ele se o caminho não existi-se? Existe caminho? Existe destino? Existe verdade? Existe a existência? Penso logo sou. E penso nisso logo me conformo. Tai um grande dogma moderno. Inusitadamente a Antiguidade sempre soou melhor em meus ouvidos e sempre imaginei-me como um explorador de pirâmides e tumbas antigas. A dicotomia já começava ai, aprendia dogmas inquestionáveis na escola, e os encontrava questionados na literatura extracurricular, dessa maneira como não questionar os próprios questionamentos para enfim escancarar-se a bocarra e dizer, não tem fim este túnel? Creio que não. Pronto mais uma certeza e a paranóia já me devora novamente. Elucido que talvez seja esta minha encruzilhada e sua própria origem e forma é por si só dogmática e geradora de meu conflito. Ando com meus botões em um eterno triangulo vicioso como aquele que caiu Pitágoras e segundo se diz, nunca mais o viram. Contudo toda busca cobrou-me um preço, o preço do vicio. Sendo assim, como acontece com muitos viciados, não consigo me distinguir de meu objeto vicioso. Antes buscava, agora sou a busca. Enredado neste meu universo esquizofrênico paralelo, obrigo-me a doses diárias de literatura e contemplação, por certo na utópica esperança de talvez um dia futuro ou passado encontrar nas paginas surradas de um bom e velho livro alguma resposta que eu possa refutar.

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