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Mostrando postagens de setembro, 2007
O renomado doutor despertou cedo naquela manhã. Possivelmente devido a alguma ansiedade que se manifestava devido a fatores aversivos proporcionado pelo ambiente no qual estava inserido. Dono de um raciocínio sagaz e um QI de altíssimo grau este baluarte das artes medicas dificilmente era alvo de tais sintomas. De imediato dirigiu-se ao banheiro onde pode desfrutar de um banho quente e extremamente relaxante. Em seguida, fez a pomposa barba branca que a tanto lhe orgulhara. Hoje seria diferente, hoje é dia de mudanças, esses foram seus pensamentos naquele momento conforme relatou em uma ocasião posterior. Levou alguns minutos para se aprontar e em seguida sorveu uma pequena xícara de café. Por fim estava na rua caminhando em direção ao hospital de uma maneira totalmente diferente das demais manhãs. O maltrapilho servente entrou no hospital um pouco mais cedo que de costume, mas quem se importa? Tentou em vão acenar para a recepcionista e com isso lucrou um olhar de escárnio e um ego fe

Que belo quadro

“Ei, você acabou de sair de dentro do quadro!”, alerta-me o garoto de cabelos negros e um piercing metálico no nariz, sua expressão de terror me alerta que algo está errado neste aposento. Quatro paredes brancas, três portas e um quadro em minhas costas retratam o meu paradeiro. Ignoro o repugnante rapaz enquanto a característica sensação de déjà vu percorre meu corpo. Meus sentidos encontram-se anestesiados ao mesmo tempo em que uma estranha concentração de descarga elétrica percorre meus músculos. Avanço sete passos, sempre sete passos, em direção a porta oeste, sempre a porta oeste, não poderia ser a porta leste? Não, a oeste sempre me leva aos melhores lugares. Afinal, como cheguei até aqui? Recordo que alguma inusitada musica estava tocando. Abro a porta, adentro sem pestanejar, estou acelerado. Uma escada de madeira carcomida me apresenta uma descida sepulcral. Parece uma daquelas casas antigas onde praticava-se lições ilegais de anatomia em tempos escuros. Inicio a decida, sempr

Meio

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Ando meio atento, meio distraído. No meio do meio, em meio a um abismo. No meio ambiente, o meio da testa. O meio da gente, o meio que resta. Anda meio alegre, meio deprimido. Cortado ao meio, meio exaurido. No meio urbano, no meio da rua. No meio da noite, o meio da lua. Ando meio ausente, meio substantivo. Em meio a essa gente, em meio ao coletivo. No meio do ser, em meio a razão. No meio da alma, o meio do coração. Contente e meio, meio ansioso. Meio indiferente, meio ocioso. Existe um meio, o meio do fim. No meio do caminho, no meio de mim.

Amanhã.

Quando eu era pequeno, me disseram que quem nasce em Brusque é brusquense. Preferi ser psicólogo. Quando eu era pequeno, me disseram que o mundo era grande. Hoje falta espaço. Quando eu era pequeno, cavava para chegar à China. Hoje ela vem pelo correio. Quando eu era pequeno, me agradava brincar na rua. Hoje a rua não esta para brincadeira. Quando eu era pequeno, não me dava bem na escola. Hoje vejo que a escola não vai bem. Quando eu era pequeno, corria-se o dia inteiro. Hoje quem corre demais esta doente. Quando eu era pequeno o doutor sabia de tudo. Hoje eu percebo que ele também não sabe por quê. Quando eu era pequeno, me achava imenso. Hoje sou apenas um em seis bilhões. Quando eu era pequeno, política começava com P. Hoje começa com embuste. Quando eu era pequeno, comia-se comida. Hoje se come orgânico ou transgênico. Quando eu era pequeno, coca era refrigerante. Hoje é trafico de drogas. Quando eu era pequeno, ouvíamos estórias de guerras. Hoje as vemos pela TV. Quando eu era pe

Alvor Terra de fábulas.

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No interior do aglomerado cósmico insular do universo, próximo a região dos ecos infinitos, situam-se os majestosos picos montanhosos de Arcádia. Este lugarejo singular é constantemente preenchido por curiosos sonetos lunares e jubilosos cânticos de ninar oriundos em sua maioria da pequena e distante Terra. Em meio a todo o esplendor transcendental deste inusitado vale de luzes e gases oníricos habita um velho e excêntrico mago que atende pelo singelo nome de Lanzius. Durante o crepúsculo vespertino, marcado pelos gases de argônio que se intensificam e rodopiam ao norte infindável em busca dos demais gases nobres como o xenônio e o criptônio que tomam formas diversas e nubilosas pela costa oeste, pode-se observar pela pequena e tortuosa chaminé da torre incolor de Lanzius a característica fumaça que sobe espiralada rumo ao negrume universal. Isto indica que o valho mago encontra-se em sua morada preparando uma de suas irreverentes poções mágicas. Lanzius passa a maior parte de seu temp

Miragem

Durante a aurora do dia pensava eu com meus botões: feliz era João batista que vivia no deserto e comia gafanhotos com mel silvestre. Sem qualquer razão de causa, motivo ou reflexão me alerta um cidadão: “Estás louco meu irmão, o deserto é um lugarejo horrível onde há sede, fome e morte. Imagina uma fogueira, se tirares um carvão da brasa logo se apaga e não queima mais”. Ora amigo meu, louco sempre fui como Isaias antes de mim, pensa agora no que dizes meu conterrâneo. Pois não acredito que um cidadão possa acreditar que um deserto é um lugar horrível quando ele mesmo mora na civilização, ao dizer tal blasfêmia não leva em consideração as inúmeras vitimas da fome, os assassinados e tantas outras almas injustiçadas. O deserto é horrível? Não ouso afirmar isto e tenho temor de dizer algo estupidamente parecido. Aquele que anda sem vendas na selva de pedra entende o que vos digo. Quanto a carvão e fogueira e coisa que o valha é simples. Pega o carvão e o coloca na fogueira e este logo s