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Mostrando postagens de junho, 2007

Origem do Tempo em Dó Maior.

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Certa feita perambulava pelos jardins oníricos e opalinos do paraíso, Lúcifer anjo de luz e pai dos obsessivos, buscando em sua angustiante existência algo que preencheria sua inaptidão para criar. De tal forma, moldava os sons de Deus criador, conforme lhe era permitido, fazia de Mis, Dós e Rés sustenidos, melodias de pompas inigualáveis e insuperáveis que embebia os ecos do infinito com jubilo sem fim. Um simples acorde de sua imaginação infinitamente limitada fazia ribombar os tímpanos impenetráveis dos incontáveis anjos. Tudo isso se sucedia na aurora das eras, antes do começo do fim. Ora, em sua contemplação perturbada, o ilustre menestrel avistara em meio aos deleites infindáveis uma peça arquitetônica ilustre por excelência e majestosa por exigência. Tal forma o paralisou em meditação e não mais cantou o rouxinol dos salões celestes, muito admirou-se e meditou por demoras milenares. Não obteve resposta diante deste enigma, não concebia entendimento deste objeto inusitado, não en

O uivo de amor do lobo ferido.

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Amada minha, ao ver teu jeito formoso e cheio de gracejos, Perco-me em pura solidão e desespero infantil. Desde que deixei o ventre sereno e afável que me pariu Não havia sentido sequer o amor jovem e puro do qual me banhaste. E assim nesse regato remanso de amor, confiança e sincera amizade Me deleito incansavelmente e incessantemente graças a ti graça das graças. Senhora do amanhã, dos tempos vindouros. Teu nome recitarei em versos mil, Isabel, Isabel, Isabel... Que sorte tem na vida um homem por encontrar mulher qual a ti? Isabel, Isabel, Isabel... Me correm as lagrimas ao verte dormindo teu sono belo e profundo.

Encontro

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Observando o velho relógio prata que trazia no bolso, ele percebeu que estava atrasado. Mas o que podia fazer? Estava preso naquele recinto até as 18 e 30. Tamborilava nervosamente os dedos sobre a decrépita mesa de madeira. O mestre explanava timidamente a respeito da crítica de Nietzsche para com Kant. Todos os demais presentes deliciavam-se, sorvendo cada fonema proferido pelo modesto locutor. Ele, contudo se embebia em ansiedade, agora ele era urgência, era pressa. Não poderia perder este encontro, o encontro era por demais importante. O mestre não entenderia, os demais educandos não entenderiam, Kant não entenderia e Nietzsche certamente diria algo a respeito. Ora, eis que já se atrasara por demais, visto que agora, a noite já adentrava pela janela oeste da modesta saleta. Tanto se atrasara que não agüentou, rompeu porta afora bufando. Preciso vê-la, foi à explicação. Raios, por que somos todos fadados ao sofrer angustiante? Uns menos outros mais, mas todos a temos, a ânsia. Bendi

Sono

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Três vezes ele acordou e voltou a dormir. Foi filho, foi aluno, foi ébrio e foi vagabundo. Professor não foi, professor não. Também pudera, acordou somente três vezes, se tivessem sido quatro, mas não, foram três. Não tivera a sorte de Tolkien e de Lewis. Ele ainda dorme, sonha em acordar e sonhando não acorda. Neruda o avisou, mas ele somente sorriu. Sinto saudades dele. Ele dorme.