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Mostrando postagens de dezembro, 2008

Memorial

Um dia irão recordar-se de minha barba. Não de mim, mas sim da barba. Ela será meu retrato assim como a fofoca na mesa do bar. Será o motivo do cochicho em meu velório. É da barba que debocharão meus netos e bisnetos. É ela quem sai e entra de moda. Tola barba. É ela que será o símbolo de minha luta. E será a recordação de momentos passados. Será o leve coçar em dias de cachimbo e chuva. Companheira barba. Inocente vida, farta barba. Em meio a presentes é duradoura. Entre homens de ternos é pecadora. A barba é na verdade o mito da liberdade contemporâneo. Seu singelo semblante nos remete ao descaso. Muitas vezes confundido com vagabundagem, por observadores de menor introspecção. Não enxergam a revelação do futuro, quando miram a mim. Pois, Um dia irão recordar-se de minha barba. Não de mim, mas sim da barba.

Mandracarias de um qualquer José.

Ah, se eu escreve-se mais e pensa-se menos, Em todas as vezes que me falta uma caneta. Talvez descreve-se melhor o meio que me molda. E assim moldaria aquilo que te cerceia. Seria então o meu modelador te modelando. E o nosso modelar desenharia o mundo. Talvez dessa forma surgissem mais poemas. Conforme outrora, quando fui poesia. Sou hoje trabalho. Continuo sendo. Mas até quando serei?