O Lago

Vamos ao lago, onde a água permanece límpida e fresca.
Onde os pássaros sobrevoam os charcos úmidos.
Onde os peixes e demais criaturas aquáticas deslizam furtivamente pela vegetação submersa.

Vamos ao lago, onde jamais falta brisa e todo dia é primavera.
Onde habita o descanso da mente e a tranqüilidade faz sua morada.
Onde os pecados são esquecidos e as ofensas perdoadas.
Onde não existe enfado da carne nem veneno ao coração.

Vamos ao lago, onde a serena calmaria faz seu leito.
Onde as crianças correm em sua margem.
Onde os jovens amam em sua relva.
Onde não habita inveja ou imperfeição.

Vamos ao lago, que é banhado por amor.
Onde os faunos compõem suas melodias.
Onde o velho recobra suas energias e o vencido reconquista o ânimo.
Onde a fé é abastecida.
Onde existe contemplação e meditação.

Na enigmática superfície do lago a harmonia faz seu refugio.
E o sossego remanso de suas águas, trêmula com o vento calmo e puro.
Mas quem conhecerá os seres e temores sinistros que rastejam periodicamente em seu obscuro solo profano e profundo.
Onde o medo faz sua necrópole e a depravação impõe sua tirania.
Onde as trombetas zombeteiam no calar da noite.
Onde as trevas permanecem eternas durante eras.
Onde a morte descansa ao lado de suas incontáveis vitimas.
Onde legiões blasfemam contra os habitantes da superfície.
E nada floresce, apenas apodrece e morre.
Vamos ao lago?

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