Segundo Passo - Passado


Sempre na forma de avatar, um retrato ou um arauto.
Um sorriso largo na face do mensageiro que relembra as verdades que há muito tempo escondemos.
Sempre um infeliz ser expõe teu caminho. Quando tudo ia tranqüilo, numa fria manha de sábado. Eis que surge por bocas mórbidas a revelação do passado. Nua, cortante e desconcertante. Dilacerando alma, futuro e as estações.
É como o sol se pondo em um dia lindo primaveril. É como a nuvem cinza em dias de luto. É a chuva outonal caindo nas folhas de ipê. De fato, o cão ladrando pecados até então esquecidos.
Na morte, o esquecimento. Na vida, a culpa. O recalque do inconseqüente, o tesouro da amnésia. Das belas partes pouco se repõe, das tempestades ficam as marcas.
De todas as criaturas da face do globo azul, és banquete em especial de uma delas. Do lobo, inóspito rival do ego. Este sorve cada gota tua, oh passado, e o saboreia entre presas que esboçam um sorriso sarcástico. Cada gemido provocado pela simples revelação do que se foi, gera um gozo delirante ao solitário das estepes internas.
Não existe plenitude no passado, não existe fim, apenas ilusão, semi-imagens.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Caricaturesco

Desvia teus olhos. Ensaios de “Uma carta a espécie humana”

Alvor Terra de fábulas.